Sim, meus amigos, resolvi passar por cima de guerra na Faixa de Gaza, conflitos em São Paulo, aumento de passagem no DF (de novo!) para falar dessa grande merda da TV brasileira (e do mundo). Por quê? Veja.
Estava eu e minha Condessa com a TV ligada na quinta-feira, jogando conversa fora. Atenção desviada para o aparelho. Pelo que sei, sempre rola uma festa de arromba pros internos exibicionistas se embriagarem, fazerem merda e dar audiência (assumem uma possível homossexualidade, se beijam, se comem, vomitam, choram, brigam, essas coisas...). E justamente uma dessas tava rolando.
O tema era "Nordeste". Chapéus de couro - e caipiras(?!) - comida, bebida, forró. Até aí, nada que me enojasse o suficiente para me revoltar. Mas então, a câmera da Globo deu aquela tomada de cima. A pista de dança era, como eu posso dizer...um solo árido, seco. Algo como um rio ou açude seco.
Você se pergunta: "tá, mas e daí?" Bom, pra mim é simples. Como algo que é motivo de sofrimento para tanta gente no interior da região mais pobre (financeiramente) do país pode ser adorno de uma coisa tão estúpida como uma festa desse programa idiota? Pare e pense: não é uma coisa besta. O tablado onde aquelas pessoas de origem urbana classe média, alta, loucas por uma exposição e dinheiro, dançavam era uma imagem da sequidão que castiga muitos (MUITOS!) brasileiros! Um açude que secou e o gado não pode comer, morre de fome. Um rio que não ajuda famílias a matar sua sede, uma chuva que não cai para irrigar a plantação. Os "BBBs" dançavam, literalmente, sobre a miséria nordestina. Eram os ricos do Sul-Sudeste mostrando o quanto são superiores. Convenhamos, desde quando o solo árido do Nordeste seco pode ser adorno de festa?
Se assim for, quando fizerem uma festa com temática carioca, vão deixar de lado a imagem do Leblon, Copacabana e Ipanema para enfeitar o espaço com imagens de favelas, ônibus incendiados, armas de grosso calibre e tiros de fuzil ao invés de fogos de artifício?
A quem serve um programa desse, que nos obriga a engolir sem querer imagens como essa? Não foi por acaso. Não existe acaso. E o telespectador vê achando que é normal.
Minha dica barulhenta de hoje não é um disco para você ouvir e nem é punk. Mas é uma canção de Rick Wakeman, tecladista, pianista, organista, ídolo do rock progressivo. O nome da música é "Robot Man" e integra seu disco chamado "1984", adaptação fonográfica do livro de Gerge Orwell. Para quem não sabe, o nome do programa é inspirado nessa obra literária. Na história, a sociedade vive sob a vigilância constante/ininterrupta do "Grande Irmão" (Big Brother), que mantém a ordem por meio do medo.
Essa música é justamente o questionamento sobre a racionalidade desse sistema centrado no Grande Irmão e nos controlados pela ideologia pregada, onde o homem tem sua inteligência subjugada, torando-se um "robô".
Robot Man
Rick Wakeman
Composição: Tim Rice
I had doubts as to where we're going
But you gotta hand it to the guys upstairs
I've been put on a whole new programme
Don't have to handle my own affairs
Everything I want is on my print-out
I don't need anything any more
I'm not confused by useless knowledge
I don't even know if it's 1984 for sure
Rules rule ok ask no questions
Welcome to the age of consent
Fasten seat belts drive with caution
Don't take shots at the president
Robot man is a wonderful creation
Automatically obeys the law
Laws of nature, man and physics
I don't even know if it's 1984 for sure
1984?
The only thing you have to know
Big brother is watching you
You love him
Robot man is a wonderful creation
Automatically obeys the law
You love him, you love him, you love him
I don't even know if it's 1984 for sure
The only thing you have to know
Big brother is watching you
You love him
What I need is a real emotion
A little love and a lot of despair
Robot man has a problem breathing
Robot man don't know how to care
Payed my dues but the dudes don't listen
I'd cry out but who the hell for?
I'd love to know what is means to suffer
I don't even know if it's 1984 for sure
1984?