sexta-feira, 10 de abril de 2009

ESTAMOS AQUI PARA FAZER O QUE ESTAMOS AQUI PARA FAZER


...se o amor MATA?
CLARO!
Se não matasse, eu não estaria aqui hoje para contar.
foto: "mulher escovando seu cabelo", de Edgar Degas, 1886

A MINHA ESCOLA LIVRO

Por quê seguir o coelho branco na escola (?)

Pera aí!
(ou como dizem na escola: Espera aí!)
Quer dizer que eu posso seguir o coelho
Pelo mundo dos rabiscos gigantes
(tão maiores que eu, colossos!)
dançando e girando, correndo e deslizando?!
- Ao invés de tomar aquele chato caminho insosso de broncas retas?

Ora, ora!
Que das letras e formas eu posso,
Mais que ouvir a aspereza do errado ou duvidoso,
Senti-las como eu quiser,
Seja com olhos, ouvidos, lábios (cantatas) ou nariz?
(se os contornos de Manoel de Barros forem cheirosos!)

Viva!
Vivo sim! Como Alice no trem de voltas e meia em 80 dias
De vida, leitura, prazer, sabor, cor e dengo
(amor pela língua-arte como por um bichinho de estimação).
Na sala de aula, zuuuuuum! Passa o coelho abrindo o mundo
Como as mãos de um Maluquinho de pedra
Que pega carona em cometas,
Longe das madastras más que destroçam nossos sonhos
Com letras sem música ou rima.

Assim, a toca do coelho e chamado Senhor Literatura,
Que não tem pressa, pois está catando gravetos e restos de sobremesa
para fazer poesia
é profunda, sem nos fundar a cuca ou os dedos miúdos
que seguem as linhas maravilhosas do brochura dourado.

Tenho certeza que,
Se o coelho fantástico nos deixasse uma pedra
No meio do caminho de nossas vistas (tão fatigadas, as coitadas)
Mandaríamos poesias contra as guerras
(Tesourinhas bem brasilienses ao invés de armas).
Ali, no meio dos jovens orvalhos desnudos de letras.

A escola seria O outro lado do rio,
O campo, o País das Maravilhas!
Onde tomaríamos chá com o chapeleiro, com o velho professor
E amaríamos o mundo como pequenos pedaços de pêra com leite
Para termos vontade de acordar amanhã.

Conde Luís F.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

SIM, EU VOU VER O MAIDEN!!!!!!!!! \,,,/

Sim, eu vou. Não tenho o menor receio de dizer de pulmões inflados, sorriso no rosto, punho cerrado, voz forte: eu vou ver o Iron Maiden!!!

Por que eu não tenho receio? Porque hoje, todo o tabu irracional e inocente que rotula as pessoas não faz parte de mim. Estou longe daqueles seres que acham que são menos "metaleiros" porque escutam Interpol, que se acham menos alternativos porque gostam de Whitesnake, que são menos góticos porque gostam de Rage Against The Machine. Eu, do fundo do meu coração popular, nervoso, indignado, sarcástico, irreverente, não me sinto menos punk porque gosto de Iron Maiden. Nem porque gosto de Fella Kuti, ou de Manu Chao, ou de Black Alien. E sim, eu gosto de Interpol, de Whitesnake e de RATM!

Eu gosto de Música. Gosto de som. Gosto de ruído. De voz. Gosto do nervosismo de um baterista tocando jazz fusion e da levada suingada de James Brown. Gosto de Rock and Roll. Sou louco por rockabilly. Por Beatles! Gosto muito de progressivo (um dos discos mais bonitos que já ouvi foi o Tales From Topographic Oceans, do Yes – disco duplo com quatro músicas, uma para cada lado do LP). Gosto de Trash Metal, Death Metal, Grind Core, Hardcore. Gosto de Punk Rock sim!!! Ouvidos zunindo por The Exploited, por Varukers, por UK Subs. O bom e velho The Clash! A raiva pura e contagiante de Invasores de Cérebro. De Ratos de Porão! De Replicantes! De The Adicts. Mas acima de tudo, gosto de música, gosto de rock and roll! Independente da década, do timbre de voz ou de guitarra, do peso ou não da música. Viva o rock and roll!!!

E eu sempre, desde "menino moço", disse pra quem quisesse ouvir: "o Maiden é a banda com a performance ao vivo mais bombástica que já vi". Virei fã desde que vi os caras ao vivo pela primeira vez. São históricos! São fodásticos! Um som que parece uma metralhadora, um motor! E muita energia (quem consegue ficar parado num show deles?!).

Estou ansioso! Vai ser o show da minha vida, tudo lá, toda a estrutura, as melhores músicas (afinal é a turnê do Somewhere Back In Time), a melhor formação (três extraordinários guitarristas, um dos baixistas mais cultuados de todos os tempos, um baterista que não usa pedal duplo para fazer heavy metal e ninguém menos que mr. Bruce Dickinson soltando a maior voz do metal – e uma das maiores do rock – de todos os tempos).

Peço licença ao punk, aos punks farofa, aos extremistas e aos preocupados demais com a aparência. Mas eu vou ver Maiden ao vivo!

SCREEEEEEAAAAMMMM FOR ME BRASÍLIAAAAAAAA!!!!!!!!










DICA BARULHENTA: ouça, se tiver ouvidos!!!

discos para serem ouvidos no último volume!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Big Bosta Brasil!


Sim, meus amigos, resolvi passar por cima de guerra na Faixa de Gaza, conflitos em São Paulo, aumento de passagem no DF (de novo!) para falar dessa grande merda da TV brasileira (e do mundo). Por quê? Veja.

Estava eu e minha Condessa com a TV ligada na quinta-feira, jogando conversa fora. Atenção desviada para o aparelho. Pelo que sei, sempre rola uma festa de arromba pros internos exibicionistas se embriagarem, fazerem merda e dar audiência (assumem uma possível homossexualidade, se beijam, se comem, vomitam, choram, brigam, essas coisas...). E justamente uma dessas tava rolando.

O tema era "Nordeste". Chapéus de couro - e caipiras(?!) - comida, bebida, forró. Até aí, nada que me enojasse o suficiente para me revoltar. Mas então, a câmera da Globo deu aquela tomada de cima. A pista de dança era, como eu posso dizer...um solo árido, seco. Algo como um rio ou açude seco.

Você se pergunta: "tá, mas e daí?" Bom, pra mim é simples. Como algo que é motivo de sofrimento para tanta gente no interior da região mais pobre (financeiramente) do país pode ser adorno de uma coisa tão estúpida como uma festa desse programa idiota? Pare e pense: não é uma coisa besta. O tablado onde aquelas pessoas de origem urbana classe média, alta, loucas por uma exposição e dinheiro, dançavam era uma imagem da sequidão que castiga muitos (MUITOS!) brasileiros! Um açude que secou e o gado não pode comer, morre de fome. Um rio que não ajuda famílias a matar sua sede, uma chuva que não cai para irrigar a plantação. Os "BBBs" dançavam, literalmente, sobre a miséria nordestina. Eram os ricos do Sul-Sudeste mostrando o quanto são superiores. Convenhamos, desde quando o solo árido do Nordeste seco pode ser adorno de festa?

Se assim for, quando fizerem uma festa com temática carioca, vão deixar de lado a imagem do Leblon, Copacabana e Ipanema para enfeitar o espaço com imagens de favelas, ônibus incendiados, armas de grosso calibre e tiros de fuzil ao invés de fogos de artifício?

A quem serve um programa desse, que nos obriga a engolir sem querer imagens como essa? Não foi por acaso. Não existe acaso. E o telespectador vê achando que é normal.

Minha dica barulhenta de hoje não é um disco para você ouvir e nem é punk. Mas é uma canção de Rick Wakeman, tecladista, pianista, organista, ídolo do rock progressivo. O nome da música é "Robot Man" e integra seu disco chamado "1984", adaptação fonográfica do livro de Gerge Orwell. Para quem não sabe, o nome do programa é inspirado nessa obra literária. Na história, a sociedade vive sob a vigilância constante/ininterrupta do "Grande Irmão" (Big Brother), que mantém a ordem por meio do medo.
Essa música é justamente o questionamento sobre a racionalidade desse sistema centrado no Grande Irmão e nos controlados pela ideologia pregada, onde o homem tem sua inteligência subjugada, torando-se um "robô".

Robot Man
Rick Wakeman
Composição: Tim Rice
I had doubts as to where we're going
But you gotta hand it to the guys upstairs
I've been put on a whole new programme
Don't have to handle my own affairs
Everything I want is on my print-out
I don't need anything any more
I'm not confused by useless knowledge

I don't even know if it's 1984 for sure

Rules rule ok ask no questions
Welcome to the age of consent
Fasten seat belts drive with caution
Don't take shots at the president
Robot man is a wonderful creation
Automatically obeys the law
Laws of nature, man and physics

I don't even know if it's 1984 for sure
1984?

The only thing you have to know
Big brother is watching you
You love him

Robot man is a wonderful creation
Automatically obeys the law
You love him, you love him, you love him

I don't even know if it's 1984 for sure

The only thing you have to know
Big brother is watching you
You love him

What I need is a real emotion
A little love and a lot of despair
Robot man has a problem breathing
Robot man don't know how to care
Payed my dues but the dudes don't listen
I'd cry out but who the hell for?

I'd love to know what is means to suffer
I don't even know if it's 1984 for sure
1984?

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Grito Suburbano ou Uma Publicação Chamada FANZINE

Mídia. Muitas vezes, uma expressão que, nos dias de hoje, assusta a qualquer um que nada contra a corrente do “sistema”, afinal é, geralmente, associada com “publicidade” e “alienação”. Mas muitos VIVOS suburbanos se utilizam de uma “mídia” para dar voz aos seus anseios libertários, revolucionários, nervosos, prazerosos, divertidos ou fanáticos. Uma “mídia independente”, de rua, de próprio punho, feita de suor e braços.

O fanzine.

A palavra fanzine é formada por outras duas de origem inglesa: fanatic magazine, literalmente, “revista de fã”. Uma publicação sem restrições mercadológicas, o fanzine expressa o que seus criadores quiserem, idéias e mensagens próprias, quase como um panfleto. Sobre os mais variados assuntos, o fanzine circula pelo submundo do pop-cult como propagador, como mensageiro dos ventos.
De caráter totalmente independente, uma legítima mídia de rua, o fanzine, dentro de movimentos sociais, culturais, políticos ou apolíticos, artísticos e afins prima pela sua honestidade. Nas mãos certas é uma ferramenta decente de luta, de resistência e de comunicação. Pelo esforço de quem o edita, chega àqueles que precisam dele, que podem multiplicá-lo. Sim, legítima mídia contracultural.

O primeiro fanzine que se tem registro no Brasil é o Ficção, de Edson Rontani, publicado em Piracicaba/SP nos idos de 1965. Nessa época, o termo utilizado era “boletim”. A motivação de Edson foi manter contato com colecionadores de publicações em quadrinhos da época, trazendo um acervo de informações desses materiais desde 1905. A grande produção de fanzines no país está ligada aos quadrinhos, sendo recentemente incorporados à história dos quadrinhos brasileiros, uma vez que eram um grito contra o descaso das editoras em relação a esse tipo de arte popular.

Exemplo underground de cultura, os fanzines tem força histórica: foram marcantes nos movimentos franceses de contra-cultura do ano de 1968.

Trago nesse blog uma motivação “fanzinesca”, como se fosse um zine digital. Voltando a citar pensamentos de Gramsci, vejo o fanzine como uma maneira de não subjugação cultural, uma maneira de utilizar espaços abertos dentro do próprio sistema para lutar.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

SORRISO DO DIA: Feliz Natal?

Texto escrito por Carlão, grande amigo de idéias revolucionárias...





O Espírito de Natal

Com a chegada do fim do ano somos bombardeados por um arsenal de propagandas e campanhas que tentam, a todo o momento, nos convencer da existência de um “espírito de natal”. Mas o que seria este espírito de natal? A primeira vista parece ser algo abstrato, uma entidade metafísica intrinsecamente ligada ao mês de dezembro, mas o que realmente está por trás deste espírito?


A suposta existência deste espírito de natal teria a força de tornar as pessoas, ao menos temporariamente, mais generosas, propensas à caridade e realmente preocupadas com as outras pessoas. Mas isto revela apenas uma das facetas do suposto espírito de natal que oscila entre manifestações psicológicas e econômicas, basicamente. Sua manifestação psicológica é perceptível nas ações tipicamente associadas ao natal como doações de brinquedos e comidas aos mais pobres. Essas campanhas, que são claramente um engodo, pois não tem como principal objetivo a solução do problema da miséria, surtem efeito real apenas nas mentes daqueles que possuem dinheiro e desejam terminar o ano com um falso sentimento de terem ajudado o próximo que, claro, eles mesmos matem na miséria durante o ano todo ao acumular sua riqueza. Assim, como não passa por suas cabeças a divisão completa de suas riquezas com aqueles que são excluídos e marginalizados do processo produtivo e, com isso, apenas oscilam no pêndulo maldito do desemprego e subemprego, buscam um alívio em suas consciências através do placebo das doações natalícias. O mais engraçado é que essa busca por uma paz na consciência acontece basicamente apenas no período de natal, como se quem vive na miséria comesse, vestisse, ou mesmo, brincasse apenas no final do ano. Daqui saem todos os anos aquelas hipócritas frases desejando que o espírito de natal dure o ano inteiro, mas é claro que isso não poderá acontecer porque a miséria tem seu lugar bem determinado no mundo capitalista.


As campanhas de doação de brinquedos possuem, além desta característica de alívio da consciência burguesa, também um função econômica bastante singular. Os filhos da burguesia são estimulados a doarem seus velhos brinquedos aos “mais necessitados” criando assim, uma necessidade por novos brinquedos que deverão ser comprados por seus pais e parentes por ocasião do natal. As crianças ricas, portanto completamente inseridas no mercado de consumo, realizam com primazia sua, ainda pequena, função consumista ao exigirem novos brinquedos no natal e são convencidas de que realizam um grande ato de amor ao doarem seus brinquedos velhos às crianças das favelas. Porém, ninguém explica a elas que seus pais somente podem lhes dar os brinquedos novos e caros que elas exigem porque há uma multidão de crianças que vivem marginalizadas na miséria absoluta e, por isso, não podem ganhar presente algum de natal além das míseras doações natalinas estimuladas pelo espírito de natal.


Como não há nenhuma intenção de proporcionar condições dignas de vida a toda a população, pois o luxo de uns poucos somente pode existir sustentado pela miséria absoluta de milhares, o mínimo que pode ser feito para amenizar a situação são campanhas de doações onde os realizadores, ou seja, os ricos, se mostram como verdadeiros paladinos da justiça social e heróis dos “mais necessitados”. Os ricos não demonstram que, por trás de todas essas campanhas assistencialistas, há somente a clara intenção de manutenção de toda essa estrutura social desigual, pois não possuem disposição para acabar com a miséria do país e tentam acalmar os ímpetos mais radicais, ou mesmo revolucionários, com doações das migalhas de seus fartos banquetes. Como não há o desejo de que também os pobres possam consumir aquilo que desejam, apenas recebem aquilo que é desprezado pelos ricos, ou seja, o seu lixo, para que não tenham a intenção de tomar dos ricos aquilo que eles não possuem. Assim, essas campanhas cumprem seu papel econômico ao estimular o descarte de artigos já usados, doados aos pobres, e o consumo de novos artigos para satisfazer os anseios burgueses do espírito de natal.
Carlos Henrique Barreto é estudante de Filosofia da Universidade de Brasília

Dica brulhenta: Garotos Podres é foda! Pena que "Papai Noel Filho da Puta" teve que virar "Papai Noel Velho Batuta"...




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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Ser Punk - Por Greg Graffin, vocalista e líder do Bad Religion desde sempre


”Recebi uma carta de um punk que afirmou que era fã do Bad Religion. Era, isto é, até nós o decepcionarmos lançando nossos dois últimos discos, os quais não se encaixaram em sua definição de punk. Não havia nenhuma música contra o sistema, ele alegou (o que não é verdade, a propósito), então 'como você pode chamar isso de Bad Religion? De fato, como vocês podem se chamar de punks?'” Por Greg Graffin/ Bad Religion


"Ele continuou a afirmar que nós não sabemos nada sobre o que é ser punk porque 'estamos muito longe disso'. Ele estava claramente com raiva e intolerante com o que nossas músicas recentes tinham a dizer. Ele acreditava que a santidade do punk havia sido infringida de alguma forma pelos nossos dois últimos discos (mas ele também declarou que nossos sete discos anteriores também eram culpados de tal traição).


No mesmo dia, abordei uma pessoa na rua na cidade em que eu moro e ela me reconheceu como vocalista do Bad Religion. Assim como o cara que me mandou a carta, ele também era punk, mas não estava com raiva ou me julgando. Nós conversamos um pouco e ele falou sobre como hoje em dia cada vez mais jovens em geral estão hostis e estranhos e não querem ouvir ninguém mais além de seus confortáveis círculos de amizade. E em como as pessoas parecem estar motivadas atualmente por uma força invisível de mente fechada. Seu desejo aberto por opinião e seu foco em assuntos relevantes tinham frescor e lembrei-me de todas as coisas legais a respeito dos punks com quem eu cresci e com que ainda interajo hoje: abertos, inclusivos, despretensiosos e não arrogantes e dispostos a confrontarem pessoas ou instituições que parecem injustas ou falsas. Ao invés de estarmos preocupados em estabelecer uma instituição que poderia excluir outros, nós estávamos interessados em incluir pessoas que se sentem deixadas de lado ou desiludidas com seu círculo social.


Naquele dia, eu vivenciei uma das melhores coisas sobre o punk - os traços mostrados pelo garoto na rua - e a pior coisa - o pensamento negativo, egoísta, dogmático do garoto que escreveu a carta. Ambos se auto-intitulavam punks e eram de pólos ideológicos opostos. Há 16 anos sou membro dessa estranha subcultura e eu percebi que existem facções liberais e conservadoras. Nesse sentido, é um microcosmo de sociedade em geral. É uma tarefa insana tentar definir o punk universalmente. Seus significados são confundidos em todo lugar por circunstâncias contextuais. Uma garota de 16 anos de uma família rica e religiosa que vai à igreja todo domingo, com seu moicano verde e uma camiseta escrito ‘Fuck Jesus’ é punk. Mas é também punk um professor de biologia de 42 anos que alega que as idéias de Charles Darwin estavam erradas. Nenhumas das pessoas ouviram falar ou se conhecem e nem freqüentam o mesmo clube underground. Mas suas lutas para estabelecerem instituições e reações ao pensamento dogmático as une espiritualmente. Se isso é genético ou ensinado, não sabemos. Mas eu também sinto carinho por todos que compartilham desses traços. Eu não me sinto conectado com aqueles que são exclusivistas, elitistas e que pensam que seu modo de vida é um modelo de como os outros devem viver. Minha filosofia foi feita pelo pensamento aberto de meus pais é claro, mas também através da desordem que eu vivenciei enquanto crescia. Enquanto eu percebia que muitas crianças sofreram mais do que eu, encontrei muita gente que se auto-intitulava punk e que tiveram experiências parecidas com as minhas.

(...)

Estranhamente, o punk está rapidamente se tornando mainstream. No ano passado, mais pessoas compraram discos punks, vídeos, camisas e ingressos para shows do que nunca antes. Como em qualquer situação capitalista, o mercado punk está vivenciando uma mudança para longe da idéia original da arte (ou produto), em direção à criação de uma crença ou doutrina acerca do mercado do produto. Por que as gravadoras iriam rotular-se como gravadoras punks? Por que elas estão vendendo estilo e construindo uma subcultura, ao invés de promover honestidade e criatividade de seus artistas. Esse é um triste padrão na indústria da música que ocorre tanto nos selos independentes quanto nas grandes gravadoras. Portanto, não é de se estranhar que exista muita polícia punk por aí, monitorando se bandas como a nossa se encaixam no estereótipo e em suas visões dogmáticas de aceitabilidade. Elas exibem o mesmo comportamento dos clones acadêmicos que se graduam aos montes a cada ano, prontos para discriminar aqueles que desafiam suas ideologias ensinadas. A carta que eu recebi há duas semanas de um fã descontente, foi tristemente remanescente da perseguição que senti na escola dos doidões. É também um exemplo claro de como é fácil seguir a corrente e advogar sentimentos comuns e sem embasamento, os quais acabam me motivando a provocar ainda mais. “


Texto de 1996 - e totalmente atual.
Tá falado, Greg!